Amãporã Warasý é artista indígena e educadora com atuação nas artes visuais, intervenções urbanas e performance. Sua identidade Tupinambá é política e define a base de sua poética, que atravessa a cidade com ações que fundem estética e resistência. Seus trabalhos mobilizam lambe-lambes, rodas de conversa e performances em bailes de salão, tensionando o espaço público como lugar de afirmação da ancestralidade e do corpo dissidente. Atua em coletividades e movimentos que articulam arte, território e formação crítica, especialmente junto a juventudes periféricas.
Através de uma série de artes visuais digitais, Amãporã Warasý desenvolve ações educativas voltadas à cultura tupinamba, retomada de identidade, encantaria, rememoração dos nomes originários de bairros e regiões do Pará — com foco especial na região do Salgado e em áreas urbanas de Belém. Utilizando o design gráfico como ferramenta pedagógica e política, a artista compartilha saberes sobre o tupi falado na região (baseado em registros históricos como o dicionário de Carlos Symoes, 1771) e convida os espectadores a refletirem sobre a colonização dos territórios e dos nomes.
Amãporã Warasý atua como co-criadora, pesquisadora e mapeadora de territórios tupinambás urbanos, colaborando diretamente na elaboração do conteúdo histórico, visual e textual do zine. O trabalho resgata memórias silenciadas como a do Tuxaua Guaimiaba e os levantes indígenas em Maery, propondo uma contra-narrativa que reafirma a presença viva da nação Tupy nas cidades amazônicas. Distribuído na I Bienal das Amazônias e online, o zine é um instrumento de pedagogia insurgente, memória ancestral e reocupação simbólica dos espaços urbano.
Como DJ é tmabém conhecida como Tituba Ramona, na cultura ballroom, desenvolvendo sets que fundem batidas eletrônicas contemporâneas com paisagens sonoras da Amazônia, cantos indígenas, funk, house e experimentações rítmicas. Sua discotecagem atua como performance sensorial, ritualística e política — evocando encantarias, ancestralidade Tupinambá e insurgência periférica. Nos eventos em que atua, como o Baile da Boi Tatá e o Batalha do Pote, Amãporã propõe uma ambientação que ativa corpos, memórias e territórios em movimento. Sua prática sonora é uma extensão de sua pesquisa artística sobre corpo, identidade e retomada dos saberes originários urbanos.
Entre 2023, 2024 e 2025, participou de formações políticas, atos públicos, exposições e intervenções visuais em diversas cidades do Pará, colaborando com artistas como Uyra Sodoma, Moara Tupinambá, Denilson Baniwa e Yná Kabe Rodrigues .
ARTES VISUAIS
MANTO TUPINAMBÁ DE MAERY
2023
Costura e confecção artesanal coletiva. 2,5 x 1,5 m.
Bienal das Amanzônias (Belém - PA)
A obra é fruto de uma co-criação conduzida por Moara Tupinambá, com a participação direta de Amãporã Warasý. Inspirado nos mantos cerimoniais dos Tupinambá, saqueados e hoje guardados por museus europeus, o trabalho reinventa esse símbolo a partir de uma perspectiva contemporânea, comunitária e política. A criação do manto evoca a retomada da memória, identidade e dos saberes ancestrais como gesto artístico, e atua como denúncia das violências coloniais e da expropriação dos objetos sagrados.
PROCURA-SE: VIVO OU ENCANTADO
“PROCURA-SE: Vivo ou Encantado” é uma série de artes digitais que homenageiam indígenas históricos do continente Abya Yala (nome ancestral das Américas), com destaque para vozes frequentemente silenciadas — mulheres e pessoas indígenas LGBTQIA+. Cada obra retrata, de forma visualmente heroica, uma liderança indígena acompanhada de sua breve biografia, território de luta e uma frase motivacional. O projeto propõe uma narrativa visual forte e acessível, que articula memória, afirmação identitária e combate ao apagamento histórico. A série tem como objetivo difundir o protagonismo indígena através das artes visuais digitais, promovendo uma pedagogia antirracista e decolonial em ambientes físicos e digitais.
INTERVENÇÕES URBANAS
DISCOTECAGEM