Sua trajetória artística teve início ainda na juventude, com peças teatrais, programas nas rádios Manchete, Bandeirantes, Fluminense e Capital e composições musicais. Publicou obras como Chagas Abertas da América (em parceria com Leidi Herrera, UCV) e Histórias Boas de Contar, além de desenvolver produções bilíngues em Puri-Português, como em Alkeh Poteh (que junto ao livro Histórias Infantis integra a Coleção Semear), voltadas à revitalização da língua e à produção de material didático indígena. Como músico, se destaca por seu experimentalismo e processos de criação com a viola de taquara, instrumento tradicional Puri, lançando em 2022 o álbum Uhtl'ana (Os Sons da Viola de Taquara).
Em 2017, organizou junto a outros artistas e lideranças a primeira exposição de arte indígena com artistas vivos no Museu de Arte do Rio (MAR), onde também lançou o primeiro CD de músicas do povo Puri e participou da curadoria de materiais audiovisuais e educativos. Alguns materiais integram o acervo do Centro de Memória do Povo Puri. Sua atuação com crianças, em escolas e espaços culturais, é marcada por vivências sensíveis que envolvem cantos, histórias e palavras da língua Puri, ativando o imaginário ancestral como ferramenta de cura e pertencimento.
Em 2023, produziu 10 episódios para o Museu Villas-Lobos, "Kanaremunde Opeh" onde também realizou pelo Museu da Cultura Puri a exposição temporária Villa Puri - Uma Aldeia Sonora.
Em 2024, Dauá Puri atuou como músico no espetáculo “O Caminho de Volta – A Outra História do Rio de Janeiro”, idealizado e dirigido por Álamo Facó. A peça é resultado de seis anos de pesquisa sobre ancestralidade e a fundação da cidade, desenterrando as camadas silenciadas da história oficial do Rio de Janeiro a partir das vozes indígenas. A participação de Dauá marca a inscrição sonora e espiritual do povo Puri nesse reencontro com memórias e territórios.
Dauá é fundador e curador do Museu da Cultura Puri, com sede na Aldeia Vertical, na cidade do Rio de Janeiro, instituição que reúne um acervo de obras e informações que tratam sobre a história e cultura do povo Puri. O MCP contou com apoio do edital Povos Tradicionais Presentes RJ (2024) da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e integra também o mapeamento cultural “Rio de Janeiro de Cocar”, do Instituto Terra Verde.
É articulador de espaços e movimentos de retomada no estado do Rio de Janeiro, como o CRCPI (Aldeia Maracanã), a AIAM (Associação Indígena Aldeia Maracanã) e na criação do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND). Integra o Movimento de Ressurgência Puri (MRP).
VIOLA DE TAQUARA
Instrumento tradicional do Povo Puri.
Museu da Cultura Puri.
COTANO N'A THAMATI
2021
UHTL'ANA
(OS SONS DA VIOLA DE TAQUARA)
2022
TEATRO E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
MUSEU DA CULTURA PURI
Créditos - Fotografia de Capa: Lucas Guimarães - Sala de Giz.