Ypituna Pankararu é fotógrafa, artista visual e mulher indígena de origem Pankararu, com raízes fincadas no território ancestral localizado em Pernambuco e caminhos trilhados entre o sertão e a cidade de Mauá (SP), onde reside.
Sua trajetória é profundamente atravessada por memórias maternas: foi com sua mãe, Roseneide, que aprendeu os primeiros gestos de olhar o mundo com atenção. Embora não tenha sido fotógrafa profissional, Roseneide foi sua primeira referência com a câmera na mão, registrando a vida da família com sensibilidade e intenção. Foi também ela quem assegurou, desde cedo, que a filha mantivesse viva a conexão com o território, levando-a em constantes viagens de volta ao território Pankararu, recusando o apagamento diante da urbanização e da distância. Ainda criança, Ypituna foi viver com sua avó Adalva no território indígena, o que aprofundou ainda mais seu senso de pertencimento e identidade. Desde então, suas idas e vindas entre os biomas da Caatinga à Mata Atlântica seguem pulsando como gesto de resistência e reconexão.
Formada em Produção Audiovisual, atua há uma década como fotógrafa independente. Capta rituais da tradição, corpos, encontros, ensaios, eventos, paisagens sagradas e histórias que resistem ao silenciamento. A fotografia, para ela, é mais que técnica, é memória viva, gesto político, arte que escuta, vínculo que floresce e que cura.
Seu trabalho tem alcançado reconhecimento em importantes espaços institucionais e culturais.Em 2024, foi agraciada com o 1º lugar no Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas individuais, pelo CNFCP/IPHAN. No ano seguinte, foi selecionada pelo MIS - Museu da Imagem e do Som, pelo conjunto de obras fotográficas do Projeto Especial Mata Atlântica, em celebração aos 40 anos do tombamento da Serra do Mar. A série "Entre Biomas, da Caatinga à Mata Atlântica: Rastros de Ancestralidade em Travessia", aborda a migração dos filhos da Caatinga do Sertão de Pernambuco para Mauá e por toda a Mata Atlântica. No mesmo ano, participou da exposição coletiva "Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência" no SESC Quitandinha (RJ), com a série de obras fotográficas "Memórias ancestrais através do olhar de uma Pankararu".
Sua atuação estende-se a projetos de comunicação e cultura, como sua participação na "Agenda SP+Verde: Olhares sobre a Mata Atlântica", na Casa das Rosas (SP), e como comunicadora do Projeto "Memórias feitas de Caroá: Mulheres Frutos das Migrações Indígenas Nordestinas para São Paulo", idealizado por Júlia Maynã e aprovado pelo PROAC 2024. Sua obra também foi destaque na revista ~Parenteses (2025).
Olhando para sua trajetória, destacam-se ainda a participação publicitária na campanha VIVO - Rotas Indígenas (2022), o documentário "Ação solidária - Karira Pankararu" (2021), a direção de Produção Audiovisual e Fotografia no evento Pré YBY-Festival da música indígena contemporânea (2019) e a atuação como fotógrafa em um intercâmbio cultural de Capoeira no Chile (2016).
Mãe, libertária, multiartista, Ypituna Pankararu cultiva um olhar insurgente e amoroso sobre o mundo. Seu trabalho é um atravessamento entre o ancestral e o contemporâneo, entre o afeto e o enfrentamento. Com sua câmera, ela não apenas documenta, ela reexiste, sonha e semeia caminhos.
FOTOGRAFIA
GUARDIÃS DA ANCESTRALIDADE
2019
T.I. Pankararu (PE)
TERRITÓRIO INDÍGENA PANKARARU
2018
T.I. Pankararu (PE)
EXPOSIÇÕES
MEMÓRIAS ANCESTRAIS ATRAVÉS DO OLHAR DE UMA PANKARARU
2025
Exposição coletiva "Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistências". (SESC Quitandinha, Rio de Janeiro).
Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas 2024 - CNFCP/IPHAN (1° Lugar)